Vem - Jalal ud-Din Rumi

Vem,
Te direi em segredo
Aonde leva esta dança.
Vê como as partículas do ar
E os grãos de areia do deserto
Giram desnorteados.
Cada átomo
Feliz ou miserável,
Gira apaixonado
Em torno do sol.
Rumi – A Dança da Alma
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Mawlānā Jalāl-ad-Dīn Muhammad Rūmī, também conhecido como Mawlānā Jalāl-ad-Dīn Muhammad Balkhī, ou ainda apenas Rumi ou Mevlana, (30 de Setembro de 1207 — 17 de setembro de 1273), foi um poeta, jurista e teólogo muçulmano persa do século XIII.
Jalal ud-Din Rumi, grande poeta e místico sufi - o sufismo é um movimento espiritual que se infiltra em todas as demais escolas espirituais e religiões e tenta extrair de cada uma delas suas verdades mais íntimas e secretas - fundador da primeira escola dos dervixes rodopiantes - onde os místicos rodopiam em torno de um centro imaginário, da mesma forma que os planetas rodopiam em torno do sol - viveu entre dois mundos.
Rumi fora um grande teólogo e mestre espiritual persa, seguindo a tradição de seu pai, mas foi como o Revelador da Religião (“Jalal ud-Din”), que tornou-se grandioso. Algumas traduções apontam significados literais como: "Majestade da Religião"; Jalal significa "majestade" e Din significa "religião".
O que Rumi revelava e refletia, tal qual a lua reflete aos raios do sol, era a sabedoria de Shams ud-Din de Tabriz, o Sol da Religião (“Shams ud-Din”): místico “errante” no estilo dos mitos acerca de Lao Tsé, que vagava pela Pérsia e, tendo convivido com Rumi por dois longos momentos, tornou-se para sempre o seu amado, no real sentido do “ser amado”.
O que se segue, portanto, é o que sobrou da luz de sol refletida pela lua de Rumi; e que, ainda assim, delineia com espantosa exatidão os dois mundos em que o grande sufi viveu, ao menos a quem tem olhos para os ver... Termino com um dos trechos mais belos e outrora o cerne da poesia sufi : “Limpa teu coração dos velhos rancores, / lava-o sete vezes / e serve o vinho do amor / torna-te o amor.”
Esse é o cerne do sufismo, amar infinitamente o finito, de forma que o contato com o infinito não esteja fora, mas dentro de si. Amar tão infinitamente, que não é preciso alcançar algo fora de si que contenha, como “prêmio”, a espiritualidade, mas que essa própria intensidade e pureza de amor, possa traduzir o néctar da espiritualidade.