Por que arrumar os nossos sentimentos não é tão fácil como arrumar o nosso quarto?
Eu só finjo. Eu finjo que arrumo o guarda-roupa, finjo que arruma o meu quarto, finjo que arrumo toda aquela bagunça que deixei e finjo que arrumo todas aquelas bagunças que você fez o favor de deixar em minha vida e no meu coração. Eu tento tirar, aquele tanto de coisas que já não me serve mais, tento tirar e jogar fora tudo que já virou passado, porque ocupar espaço e tempo com as coisas velhas não dá, pelo menos não mais. As coisas novas querem e precisam entrar de alguma forma, e para as novas entrarem algo tem que sair, e por que não as coisas velhas? É essas coisas velhas que já não servem para mais nada. Há tanta coisa bonita por ai, nas lojas, nas vitrines, nas ruas, nos becos, nas vielas, nas esquinas. As coisas bonitas estão por ai, é só uma questão de limparmos a poeira da bagunça, fazer uma breve arrumação e jogar tudo que não presta fora. Ah, também precisamos saber procurar direito, é claro. Rsrs’
Mas, por mais que saibamos disso tudo, a gente nunca tira tudo. A gente nunca joga fora tudo, sempre algo fica, e é bem normal que isso aconteça, o futuro só se constrói devido ao presente, e isso temos que entender, mais cedo ou mais tarde. É sempre a mesma coisa, aquele esconde-esconde diário que parece não ter fim. É aquele esconde aqui, esconde ali. E ainda em aquele tal de fingir para nós mesmo que aquilo já não nos serve mais, e precisamos dar um fim naquilo por mais que nos doa, mesmo que nos machuque e nos faça sofrer, uma hora isso vai ter que passar, e é melhor que seja logo. A gente sabe a gente sempre sabe, quando devemos parar e quando devemos continuar. Sempre sabemos até onde cada coisa deve ir. Sabemos quando uma roupa tá curta pequena, e apertada. Sabemos quando algo é verdadeiro ou não. Sabemos quem está conosco e quem sempre foge. Sabemos de tudo isso, e muitas vezes, mesmo sabendo deixamos as coisas seguirem, e mesmo sabendo que elas não darão certo, ou em outras palavras, não terão futuro nenhum, insistimos naquilo, até onde der. Não é que a gente queria ser assim. É que as coisas são a assim, a vida é assim. O nosso coração é assim, ele nunca desiste do que acha que é certo, mesmo esse algo sendo errado.
É que eu queria tanto. Tanto. Acredita que arrumar a bagunça da vida é como arrumar a bagunça do quarto. Tirar tudo, rever roupas e sapatos, experimentar tudo e ver o que ainda serve jogar fora algumas coisas, e outras separar para doação. Isso pode servir melhor para outra pessoa. Hora de deixar ir. Alguém precisa mais do que você. Se livrar. Deixar pra trás. Algumas coisas não servem mais. Você sabe. Chega. Porque guardar roupa velha dentro da gaveta é como ocupar o coração com alguém que não lhe serve. Perca de espaço, tempo, paciência e sentimento. Tem tanta gente interessante por aí querendo entrar. Deixa. Deixa entrar: na vida, no coração, na cabeça.
By: Iasmim Mayara